sexta-feira, 26 de julho de 2019

O desespero eu aguento.
O que eu não aguento é essa falsa esperança de que algumas coisas vão melhorar.
O que eu não aguento é esse mais do mesmo que parece não ter fim.
O que eu não aguento é essa bagunça que não acaba nunca.
O que eu não aguento é essa acomodação que não tem fim.
O que eu não aguento é essa solidão mesmo estando acompanhada.
O que eu não aguento é esse vazio constante.
O que eu não aguento é torcer para as coisas aconteceram, dar o melhor que posso e no fim, ver a história se repetir novamente.
O que eu não aguento é parar diante do espelho e ver que não sou nem de perto a pessoa que eu era, muito menos a pessoa que eu queria ser. Na verdade eu olho pro espelho e simplesmente não me reconheço. Sou uma completa estranha pra mim mesma...
A cada dia que passa eu me perco mais de mim mesma.
Me perco da guria alegre que era.
Me perco da guria cheio sonhos.
Me perco da guria que acredita que as coisas iriam acontecer.
Me perco da guria que não via a hora do final de semana chegar para viver algo diferente.
Hoje sei que os finais de semana vão ser só mais dois dias cheios de 'mais do mesmo'.
A garganta dói de vontade de gritar, de chorar, de jogar pra fora toda essa raiva acumulada, toda essa angústia que não tem fim.
Jogar pra fora todo esse sentimento de vazio, de abandono que me consomem a anos.
Parte de mim joga a culpa de todos esses sentimentos nessa cidade que eu odeio, mas lá no fundo eu sei que as feridas são mais profundas.
Se a pessoa que tinha que sempre estar ao meu lado para me proteger, teve a coragem de trocar a mim e a minha mãe por outra família, por quê as pessoas que estão a minha volta não fariam isso?
Ahhh se você imaginasse o tamanho do estrago que casou no meu emocional.
Se você visse as consequências que a sua aventura...
Se você soubesse como eu cresci frágil, chorona, insegura por sua causa...
Se você soubesse que sou medrosa, porque sempre tive a certeza de as pessoas iriam embora, assim como fez...
O foda, é que no final das contas as pessoas sempre iam embora. Elas sempre vão.
Fico me perguntando se sou uma pessoa tão ruim ao ponto de ninguém me querer por perto.
Sei de todos os meus defeitos, posso passar horas escrevendo sobre eles, mas sera que são sós os meus defeitos que as pessoas enxergam no final do dia?
Será que ninguém consegue enxergar nada, absolutamente nada de bom em mim?
Parece que quanto mais quero ser aceita, quanto mais quero pertencer a algum lugar, mais deslocada eu me sinto. Mais sozinha eu fico.
É fácil ser amada pelas pessoas quando você diz e fala exatamente o que elas querem ouvir. Quando você se comporta da forma que os outros querem... Vai tentar ser você mesma. Vai tentar ir contra o que falam, pensam, o que fazem... aí meu amigo, você vira o monstro.
Você vira a pessoa insensível, você vira aquela que só quer causar a discórdia, aquela que quer mudar o que 'sempre foi feito daquele forma'.
Foi uma semana tão intensa, tão foda, tão infernal, que todos os sentimentos se misturam nessa bagunça.
Uma vontade absurda de jogar tudo pro alto e ir para um lugar onde ninguém me conheça para começar do zero, pra ver se assim as coisas entrem nos eixos.
É um cansaço mental e psicológico absurdo.
Sensação de que a cada momento eu vou simplesmente surtar.
E sendo muito honesta comigo mesma, me sinto a beira de um colapso nervoso.
Nunca foi uma pessoa calma, uma pessoa paciente, mas o nível de estresse que tenho andado nos últimos dias tem sido fora do comum, até para mim mesma.
Quanto tempo será que leva para o nosso corpo não aguentar a pressão do nossa mente e simplesmente desabar?
Me sinto a beira do penhasco e que a qualquer momento vou apenas cair.